Afinal, sobre o quê estamos falando?
Gostaria de analisar uma frase que tem circulado nos meios de comunicação, com uma interpretação um tanto quanto equivocada. Assim convido você a refletir sobre algumas questões a partir esta imagem.
Primeiramente precisamos fazer algumas perguntas:
a) quem é essa geração?
b) quem são os agentes envolvidos?
c) que tipo de hipérbole estamos falando quando usamos a palavra 'ditadura'?
Quando analisamos referidas perguntas, nós vamos obter algumas respostas que irão nos proporcionar uma reflexão mais objetiva e mais centrada sobre o assunto. Assim, podemos definir que a geração da qual estamos tratando, refere-se a uma geração que foi educada sem nenhuma orientação do que são regras e limites. Uma geração onde tudo que se pensava, estava ali prontamente em suas mãos. Sem nenhum esforço, sem nenhum tipo de sacrifício, basta pedir e ali está. Uma geração que não poderia "ralar" seu joelho, ter suas 'necessidades' frustradas, ou simplesmente receber um 'não' como resposta. Trata-se uma uma geração, onde os atores de autoridades envolvidos, não querem 'repassar' para seus filhos, o 'autoritarismo' segundo eles, do qual experimentaram em seu passado, o qual foram 'obrigados' a aceitar por falta de escolha e por quererem proporcionar uma vida totalmente diferente da qual eles viveram no passado, permitem que seus filhos experimentem de tudo e proporcione tudo. Abro um parêntese aqui para apontar que esse proporcionar tudo, trata-se de algo material, superficial, como por exemplo: os melhores brinquedos, as melhores roupas, os melhores cursos e 'educação' para formação curricular. Os melhores eletro-eletrônicos, as melhores viagens e passeios, mesmo que, para tudo isso acontecer, a essência da construção do caráter de um indivíduo esteja em xeque, mesmo que isso demande praticamente todas as horas do dia, pois o que importa é satisfazer a 'necessidade' da geração!
Nesse momento conseguimos perceber que existem mais agentes envolvidos quando falamos sobre uma geração. E quem seriam eles? Os agentes envolvidos que estão inseridos intrinsecamente chamamos de: PAI - MÃE - RESPONSÁVEL. Talvez você esteja se perguntando, mas, o que essas pessoas tem a ver como uma geração sem limites e que não obedecem a regras? A resposta é: TUDO!
Todos os males da sociedade, sejam financeiros, políticos, trabalhistas, escolares ou religiosos têm a sua origem no coração do homem. Sabemos como é o coração do homem (Jer. 17:9; Rom 3:10-23). A instituição que Deus estabeleceu, ainda no jardim do Éden, que ajuntou duas pessoas em maneiras especificas para ser uma unidade é o que chamamos de família. O ambiente que é formado pelo amor exercitado entre todos da família cria o que chamamos de “o lar”. O lar tem suma importância na vida humana pois é o berço de costumes, hábitos, caráter, crenças e morais de cada ser humano, seja no contexto mundial, nacional, municipal ou familiar. Então, podemos dizer, como vai o lar vai o mundo, e também, o que é bom para a família é bom para o mundo.
A psicologia vai analisar que o caráter não é uma escolha deliberada, ele se forma devido a necessidade do indivíduo se proteger do meio externo. O caráter é uma reação aquilo que foi experimentado na infância.
"Caráter é composto por atitudes e hábitos de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Inclui atitudes, valores conscientes e comportamentos. Ou seja, é a maneira que a pessoa se expressa na vida, tanto na forma (postura, movimentos, expressões corporais, entonação da voz etc.), como no conteúdo (comunicação verbal)."
"O temor ao Senhor é o principio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é o entendimento", descreve Provérbios 9:10. Segundo Charles Caldwell Ryrie, o "temor ao Senhor é o ponto de partida e a essência da sabedoria", este temor é "uma reverência por Deus que se expressa em submissão à Sua vontade". Ele também afirma que "a sabedoria não é adquirida com fórmulas mecânicas, mas com um relacionamento correto com Deus". Cabe aos PAIS, instruírem seus filhos nesse sentido (RYRIE, 1994, p. 793).
Os Pais são os responsáveis por ensinarem os filhos a viverem a lei de Deus. A serem cidadãos honestos que sigam de forma ordeira seus deveres e exerçam seus direitos de forma pacificadora. São eles que devem instruir os filhos a serem sábios.
A importância do exemplo é algo que não valorizamos de forma prática. Olhando para Timóteo, vemos que este foi instruído no conhecimento da Palavra de Deus desde pequeno, tendo sua mãe e sua avó como exemplo (II Timóteo 3:15). "Recordo-me da sua fé não fingida, que primeiro habitou em sua avó Lóide e em sua mão Eunice e, estou convencido de que também habita em você" (II Timóteo 1:5)
F. F. Bruce, em seu comentário sobre o primeiro capítulo de II Timóteo, afirma que: Para Paulo, o passado contribuiu com o exemplo dos seus antepassados que serviram a Deus com a consciência limpa; para Timóteo, o pano de fundo era o de uma mãe piedosa, como também da avó, em cujas vidas brilhava uma fé não fingida. (BRUCE, 2009, 2064-2065).
Baseado neste versículo bíblico, podemos afirmar que, para os filhos, os pais devem ser um exemplo/modelo digno de ser seguido. Na educação de filhos, os pais devem buscar equilíbrio, ou seja, não ser tolerante e nem severo demasiadamente, mas com amor conduzir a criança no caminho certo. Baseado em Colossenses 3:21, podemos dizer que a função dos pais é ensinar os filhos a evitarem e fugirem do erro.
Está bem claro a importância dos agentes de autoridades na vida de uma geração! Está muito claro que uma geração, reflete aquilo pelo o qual ela foi exposta, ela foi ensinada. Ações que refletem suas reações.
E a ditadura? Será que ela de fato está apregoada a esses agentes?
Origem: Ditadura do latim dicere “dizer, falar, contar”, com ligação no Indo-Europeu deik-, “indicar”. Ditar, “pronunciar um texto em voz alta” também quer dizer “impor ideias ou condutas, prescrever, determinar”. Daí temos ditador, ditadura e outras variáveis. Ditadura, no sentido de poder absoluto ou autoritário (e por vezes vitalício), é palavra do final do século XVI.
Na antiguidade romana, um ditador era o magistrado ou o general que recebia, com a aprovação do Senado, prerrogativas especiais ou, em casos graves, poder total. Sua função, passando por cima das leis se fosse necessário, consistia em resolver problemas urgentes, que pusessem em risco a estabilidade da república.
Se você acompanhou cada ponto dessa reflexão, certamente pode identificar que o problema de uma geração sem limites e que não obedecem as regras, vem de suas origens, vem de suas raízes e para reconhecer isso é necessário muita humildade em diagnosticar que o problema está em nós, em nossas casas. O reflexo de uma sociedade passa por nossas casas, por nossa omissão frente a autoridade que nos foi dada como Pais, Responsáveis, educadores, construtores de caráter, que muitas vezes impomos essa responsabilidade a outros, uma vez, que involuntariamente ela já foi feita.
Espero que essas linhas nos ajude, nos leve a uma compreensão mais profunda e menos superficial das coisas, onde possamos analisar o pano de fundo de tudo o que se apresenta a nós, onde possamos sempre trazer para a discussão os agentes envolvidos e questionar o por quê das reações dos contextos. Assim, finalizo com essa frase da imagem abaixo.
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